Vamo Brasil
Esse país é rrridículo mesmo.
Fui comprar meu ingresso pra semi-final da Libertadores no Morumbi, o jogo de volta entre São Paulo e Chivas. Uma amiga da Manu estava já a uma hora na fila para gente, então, creio que ficamos lá apenas... uma hora.
Depois da espera, 3 meias pra arquibancada azul, por favor. Carteirinhas de estudante, dinheiro e um guichê com divisória de espelho. E se ouve a voz esguiniçada da mulher de trás do espelho:
- Olha, eu não posso aceitar esse documento aqui não.
Bem o da Cecília, que tinha pegado a fila toda.
- Como não, moça, esse papel aqui comprova a minha matrícula na faculdade.
- É, mas eu preciso de um documento mais recente, você pode ter desistido no meio do curso.
- Isso aqui é a minha carteirinha da biblioteca, olha, aqui tem esse papel que mostra que eu retirei um livro esse mês e ...
- Isso aí não vale nada.
Bem com a Cecília, a única de nós três matriculada regularmente na faculdade...
A nossa cultura é assim: sempre se dá um jeitinho. Sempre podemos burlar alguma regrinha e conseguir uns benefícios a mais. Até a minha mãe tem carteira de estudante.
E aí "os hómi" tentam agir da mesma maneira, que é fácil, mas no sentido inverso. Não aceitam a documentação de todo mundo para mostrar que são duros e estão controlando com rigor a concessão dos benefícios. Só que fazem isso aleatoriamente, sem qualquer critério mesmo. O comprovante da Manu indicava o mesmo do da Cecília: matrícula no 1º semestre. Se os hómi são toscos, a gente continua tentando conseguir o benefício numa espécie de random.
E assim, tudo continua. A gente bagunça de cá e eles arrumam precariamente de lá.
Na entrada para o jogo, não sei porque raios os hómi estavam retendo as bandeiras na entrada do estádio e bem do meu portão - pelo menos a Cecília não estava lá desta vez. No mínimo deviam estar putos de tomar tanta baixa com o PCC e ganhar um salário de merda, então descontam na gente. "Na gente" é ótimo porque eu não sou preta, não sou homem e não pobre, mas ontem, até o Alex, loiro, olhos claros, classe média alta, ouviu no portão do PM frustrado querendo meter banca: "Você não vai entrar hoje, não". Só faltou revistar o cu, mas é óbvio que ele não tinha nada e passou. Palhaçada. Ninguém merece.
Enquanto isso, explosões em algum lugar da cidade, cambistas filhos-da-puta em toda parte e os hómi se preocupando em revistar todo mundo pra ver se ninguém estava entrando com uma ameaçadora bandeira. A tosquinha que me revistou ficou fazendo graça com os colegas quando achou uma dentro da minha calça. Mas eu sei ser meiguinha, né? Hihihi, ok eu deixou lá. Me revistou mais um pouco... e passei com a outra bandeira dentro da calça.
Rrrrota na rrrrrua? Os Malufs não devem curtir futebol.